Conflitos nos relacionamentos? Conheça o método CNV

Conflitos nos Relacionamentos

À primeira vista parece mesmo que vivemos em meio a geração MIMI, assim intitulada por Luiz Felipe Pondé, pois basta uma palavra errada e pronto a confusão está montada. 

Mas as coisas não deveriam ser assim, por isso se quisermos manter distância dos conflitos nos relacionamentos podemos usufruir do método comunicativo da Comunicação Não Violenta (CNV).

Tanto as relações profissionais quanto as pessoais são de igual importância para o nosso crescimento, por isso precisamos aprender a escutar, sentir, falar e agir com empatia.

Pois perceba que muitos conflitos nos relacionamentos surgem por que houve um mal entendido na comunicação, alguma das partes não teve suas necessidades atendidas, uma das partes não soube comunicar seu pedido entre muitos outros motivos.

Por exemplo, quando a mulher diz ao seu companheiro:

Que saco , você é um porco, por que sempre deixa a toalha em cima da cama?

A inclinação natural de qualquer um é reagir ao insulto, talvez, na mesma proporção que foi insultado, seguindo de acordo o velho ditado: “Não levo desaforo para casa”.

E com isso gera-se um conflito!

Infelizmente é comum em nossa sociedade gritar, exigir, criticar e ameaçar com o intuito de ter nossas necessidades atendidas.

Como no exemplo do casal acima, o companheiro criticado para ter sua necessidade de respeito atendida, poderá gritar, ameaçar, exigir ou criticar a companheira na mesma proporção.

Em vista disso, Marshall Rosenberg criou a CNV com o intuito de ajudar pessoas a melhorar sua comunicação nos relacionamentos a fim de mediar e evitar conflitos.

Neste artigo quero falar um pouco sobre a Comunicação Não Violenta e como aplicar suas técnicas para resolver conflitos nos relacionamentos.

Boa leitura!

O que é Comunicação Não violenta e qual sua importância na resolução de conflitos nos relacionamentos?

Conflitos nos relacionamentos
Conflitos nos relacionamentos: Marshall Bertram Rosenberg – Criador da CNV

A princípio também conhecida como Comunicação Compassiva e Comunicação Empática, a CNV é um método comunicativo desenvolvido por um processo de pesquisa contínua, criado por Marshall Bertram Rosenberg, para evitar e mediar conflitos nos relacionamentos.

O objetivo da CNV é estabelecer relações de parceria e cooperação, em que predomina a comunicação eficaz e empática.

A ênfase é: “perceber a importância de determinar ações à base de valores comuns”.

Desse modo, as necessidades de ambas as partes são atendidas, como resultado, o conflito é evitado.

Assim, quando a Comunicação Não Violenta é usada na mediação de conflitos nos relacionamentos, ela serve como guia na co-construção de acordos.

Para isso a CNV toma a forma de uma série de distinções, entre elas:

  • As observações e os juízos de valor;
  • Os sentimentos e as opiniões;
  • A necessidade e a estratégia;
  • O Pedido e a exigência;

É por meio destas distinções que o método comunicativo CNV se baseia para diminuir conflitos nos relacionamentos, sejam eles pessoais ou profissionais.

Aos que se dedicam a aplicar a Comunicação Não Violenta na resolução de conflitos, consideram que todas as ações são oriundas da tentativa de satisfazer alguma necessidade humana.

Mas tentam satisfazer essa necessidade evitando o uso do medo, da vergonha, da acusação, da ideia de falha, da coerção ou das ameaças.

Porque um dos princípios da CNV é o treino da capacidade de se expressar sem usar julgamentos de bom ou mau e de certo e errado.

O foco é expressar sentimentos e necessidades, em vez de críticas ou juízos de valor!

Sobre o nome: “Comunicação Não violenta”

Sobretudo Rosenberg escolheu o nome “Comunicação Não Violenta” para expressar a filosofia ensinada por Mahatma Gandhi, chamada Ahimsa que significa “NÃO VIOLÊNCIA”.

Contudo, ao contrário de Gandhi, Rosenberg aprovava o uso da força para evitar ferimentos, mas não como forma de punição.

Isto é, com a intenção de machucar ou punir alguém.

A CNV se tornou tão eficaz com seu método que foi usada em programas da paz em Ruanda, Burundi, Nigéria, Malásia, Indonésia, Sri Lanka, Oriente Médio, Sérvia, Croácia e Irlanda.

Para saber mais sobre a CNV e como usá-la para resolver conflitos nos relacionamentos, você pode ler o livro escrito por Marshall Rosenberg:

Segredos da evolução

Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais” – Marshall Rosenberg

Mas se preferir você pode também fazer um treinamento com as meninas Karen Dornas e Erika Nahass para aprofundar os conceitos da CNV e aprender de forma prática como aplicar as técnicas da Comunicação Não Violenta para mediar e evitar conflitos nos relacionamentos.

Como aplicar a CNV para resolver conflitos nos relacionamentos?

Quando todos gritam, não há comunicação apenas ruído” – Dale Carnegie

Em primeiro lugar, a principal AÇÃO para quem deseja começar a aplicar o básico da CNV é mudar o focfo das atitudes e fala do outro para as necessidades.

Exemplo:

Segredos da evolução

Quando recebo a comunicação do meu comunicador e isso me desagrada, ao invés de questionar o que há de errado com ele, devo questionar meus sentimentos e entender o que está por trás deles.

Segredos da evolução

Entendo que os outros não são responsáveis pelo que sinto, apenas despertam sentimentos em mim, sejam agradáveis quando minhas necessidades são atendidas ou desagradáveis quando não são. O verdadeiro responsável pelo meus sentimentos são minhas necessidades.

É claro que mudar de perspectiva leva tempo, tirar do outro a responsabilidade pelo que sentimos e nos questionar sobre esse sentimento para identificar a necessidade por trás disso é um processo que demanda esforço e persistência.

Mas depois que nos habituamos a fazer esse exercício construímos relações mais harmoniosas e empáticas estreitando os laços da relação.

Rosenberg explica em seu livro que a base da comunicação está sustentada por 4 pilares, tanto para quem ouve quanto para quem expressa.

Vamos conhecer cada um deles:

1 – Observação

O primeiro pilar é a observação.

Ao observar não vamos avaliar ou julgar as ações do outro, nosso objetivo deve ser observar o que realmente o outro está fazendo sem considerar nossa visão ou opinião sobre o acontecimento ou fala.

Então analise o que sente em relação à fala ou acontecimento, busque se distanciar da situação para enxergá-la com mais clareza.

Vamos ao nosso exemplo do início.

Você chega no quarto e se depara com a toalha do companheiro em cima da cama, e aí sua primeira reação é dizer:

Fulano é um porco!

Sem dúvida essa expressão é uma avaliação e julgamento sobre o comportamento do seu companheiro.

Ao aplicar o pilar da observação você é capaz de visualizar esta situação separada da sua percepção.

Isto é, para você é “porquisse” deixar a toalha em cima da cama, mas isso é apenas um julgamento e não a indicação exata do que você quer.

Portanto de vez avaliar e julgar o comportamento do seu companheiro pela sua percepção, tente identificar por que você não gosta deste comportamento e substitua o julgamento.

Exemplo:

Não gosto que deixe a toalha na cama, porque fica com cheiro ruim.

Após observar e identificar o que não gosta nesta situação, vamos ao segundo pilar:

2 – Sentimento

Neste pilar é preciso identificar o sentimento gerado com a situação, o que ela nos fez sentir, qual sentimento foi desencadeado?

Contudo nesta etapa é preciso muita cautela para não continuar julgando a outra parte ou a responsabilizando pelo nosso sentimento.

Sendo assim, precisamos ser honestos e humildes para assumir a responsabilidade pelo sentimento.

Vamos supor que o seu sentimento ao ver a toalha molhada na cama seja de frustração, pois espera dormir em uma cama cheirosa e seca.

Ao identificar o sentimento podemos seguir para o 3º pilar:

3 – Necessidades

No pilar da necessidade, vamos identificar as necessidades que não foram atendidas e que estão ligadas ao sentimento que a situação gerou.

Então para ter consciência desta necessidade devemos nos perguntar:

Segredos da evolução

Por que me senti daquela maneira?

Entendendo sua necessidade é mais fácil concluir o pilar seguinte que fecha os 04 pilares da CNV.

Na situação da toalha molhada na cama, talvez, sua necessidade poderia ser:

Eu preciso que ele estenda a toalha no varal, para não deixar a cama e a toalha com cheiro ruim. 

4 – Pedido

Por fim, o último pilar.

Após observar a situação sem juízos de valor, identificar seus sentimentos e as necessidades, você está pronto para este pilar: FAZER O PEDIDO.

Então ao unir todos os pilares, temos o seguinte formato de pedido:

Fulano, Não gosto que você deixa toalha na cama, porque fica com cheiro ruim (observação) me sinto frustrada quando você faz isso (sentimento), por favor, estenda a toalha no varal, para não deixar a cama e a toalha com cheiro ruim. (pedido) 

Agora me diga, é uma mensagem muito diferente da frase inicial que vimos na primeira parte deste artigo e expressa exatamente o que você quer, não é mesmo?

Invertendo os papéis

De agora em diante, vamos supor que você é o dono da toalha na cama e ouviu da sua parceira:

Que saco , você é um porco, por que sempre deixa a toalha em cima da cama?

Você também pode tirar proveito da Comunicação Não Violenta para ouvir e responder sem criar um conflito.

Então ao invés de se ofender com esse comentário da sua amada e começar uma discussão, siga igualmente as etapas anteriores.

Recapitulando, observe e tente identificar por que ela fez esse comentário:

Eu deixei a toalha em cima da cama

Agora tente presumir o que a pessoa está sentindo, sem julgamentos ou avaliações:

Ela pode estar sentindo raiva e frustração.

E quais são as necessidades da sua companheira por trás deste sentimento:

Ela gosta de manter a casa sempre limpa e detesta bagunça.

Um exemplo de resposta, utilizando os pilares da Comunicação Não Violenta seria:

Eu sei que deixei a toalha na cama (observação), e isso pode ter te deixado com raiva ou frustrada (sentimento), você gosta de manter a casa sempre limpa e detesta bagunça, gostaria que você me dissesse o que eu devo fazer.(pedido)

Conclusão para resolver conflitos nos relacionamentos usando a CNV

Conflitos nos relacionamentos
A CNV além de mediar conflitos nos relacionamentos, torna as relações mais felizes

Em suma, você pôde observar que o método comunicativo da CNV tende a levar o solicitante da comunicação a entender a raiz do problema nele mesmo.

Partindo da situação em si, dos seus sentimentos e suas necessidades para só então estruturar sua mensagem e comunicar de forma clara e eficaz o que precisa que o outro faça.

Enquanto que o receptor da mensagem quando confrontado com um insulto, uma crítica ou qualquer outra forma de comunicação negativa é levado pelos pilares de comunicação da CNV a entender de forma imparcial o por que o outro lhe disse tal coisa.

Buscando se colocar no lugar do outro para pressupor seu sentimento e a partir daí identificar sua necessidade e elaborar uma resposta assertiva e direcionada a resolução do conflito.

Dessa forma a Comunicação Não Violenta quando praticada de modo adequado pode mitigar conflitos nos relacionamentos, elevar a empatia e o altruísmo, tornando as pessoas mais colaborativas.

Gostou do assunto? Aprofunde seu conhecimento sobre as práticas da CNV, não importa se você é líder de uma equipe ou organização, ou se é um funcionário querendo melhorar seus relacionamentos com os colegas e, talvez, aumentar seu networking.

A Comunicação Não Violenta pode te ajudar a resolver conflitos nos relacionamentos!

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Fernando Ferreira

Formado como Life Coach e psicologia positiva aplicada pela SBCoaching e autodidata dedicado a entender o que faz o ser humano ser feliz, realizado e bem-sucedido na vida.

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