Autoconsciência: estudo revela como ser mais autoconsciente

Acredito que você saiba o que é autoconsciência, mas duvido que você seja de fato autoconsciente, essa é uma soft skill rara e pouco compreendida.

Muita gente, inclusive profissionais do ramo de desenvolvimento pessoal, não sabem como desenvolver essa habilidade. Por exemplo, a introspecção é amplamente aceita como uma solução para aumentar essa habilidade

Porém, na verdade, estudos apontam que pessoas que fazem introspecção são menos autoconscientes. E pouca gente sabe que existem dois tipos de autoconsciência, você sabia?

Calma, eu vou explicar tudo isso para você em detalhes neste artigo. Não estou querendo criar polêmica, quero apenas divulgar em primeira mão um estudo realizado e divulgado recentemente pela revista Harvard Business Review, que traz à tona informações surpreendentes e alarmantes.

Por isso, fique aqui comigo até o final para entender tudo isso em detalhes.

O que é autoconsciência?

A princípio, a pesquisa feita pela Harvard Business Review tem como um dos objetivos responder o que é autoconsciência. Nessa pesquisa, foram analisados quase 800 estudos científicos para compreender como os pesquisadores anteriores definiram essa soft skill, e mapear as limitações desses estudos.

Além disso, a autora do estudo Tasha Eurich, psicóloga organizacional e coach executiva, fez 10 investigações separadas com quase 5.000 participantes para chegar a uma conclusão mais precisa sobre o que é autoconsciência, porque precisamos dela e como desenvolvê-la.

O resultado dessa pesquisa mostrou que temos dois tipos de autoconsciência. A primeira, e mais conhecida, autoconsciência emocional ou interna, que representa a clareza com que vemos nossos princípios, valores, paixões, aspirações, adequação ao nosso ambiente, reações (incluindo pensamentos, sentimentos, comportamentos, pontos fortes e fracos) e o impacto sobre os outros.

Este tipo de autoconsciência está associada a maior satisfação no trabalho e nos relacionamentos, maior autocontrole e felicidade. Também está relacionada negativamente à ansiedade, estresse e depressão.

E a segunda, é a autoconsciência social ou externa, que diz respeito à compreensão sobre como as outras pessoas nos veem, em relação aos fatores listados acima.

Os estudos mostram que as pessoas que sabem como os outros as veem, são mais hábeis em demonstrar empatia e assumir a perspectiva dos outros.

Contudo, é fácil presumir que ter um nível maior em um determinado tipo de autoconsciência, significaria estar elevado em outro. Mas, a pesquisa deixa claro que não houve evidências que comprovasse essa relação.

Na verdade, eles identificaram 4 arquétipos de autoconsciência, cada qual com um conjunto diferente de oportunidades de melhoria.

Veja a imagem abaixo.

Autoconsciência

A experiência pode sabotar o processo de ser autoconsciente

A experiência é fundamental para avançarmos na vida e ganharmos maturidade, porém é preciso muito cuidado para que ela não nos deixe cegos e nos faça perder as valiosas oportunidades que nos permite ser mais autoconscientes.

Quando temos muita experiência pecamos pelo excesso de confiança, que nos leva a não fazer o “dever de casa”, questionar e procurar provas que contradizem as nossas convicções.

Por exemplo, quanto maior o poder que um líder detém, maiores são as probabilidades dele superestimar suas habilidades e competências.

Os investigadores da pesquisa propõem duas explicações plausíveis para esse fenômeno. Primeiro, quando um líder alcança o nível sênior tem menos pessoas acima dele que possam oferecer feedbacks sinceros.

Segundo, quanto mais poder um líder exerce, menos pessoas se sentirão à vontade para dar um feedback construtivo, por medo de que isso prejudique a sua carreira.

É triste, mas à medida que o poder de um líder aumenta, a sua vontade e disposição de ouvir diminui. Seja porque ele acha que sabe mais que os seus subordinados, ou porque acha que o feedback terá algum custo para si.

Mas, as coisas não precisam ser assim, seja você líder ou não! 

As pessoas mais bem-sucedidas, segundo o estudo, são as que neutralizam essa tendência, buscando feedback frequentemente dos seus superiores, colegas, amigos, familiares e assim por diante.

Em suas análises os investigadores constataram que as pessoas que aumentaram a sua autoconsciência externa, o fizeram por meio da busca incessantemente de feedbacks.

A introspecção nem sempre é o caminho para aumentar a autoconsciência

Autoconsciente

Ser autoconsciente promove melhorias significativas em nosso estilo de vida, nos torna mais confiantes e criativos, tomamos decisões mais assertivas, construímos relacionamentos mais fortes e nos comunicamos de forma mais clara.

Como resultado, aumentamos a probabilidade de ganhar uma promoção no trabalho, por exemplo, o que significa mais dim dim no bolso.

A autoconsciência é um dos pilares fundamentais da inteligência emocional, que está no topo das habilidades interpessoais mais requisitadas do momento e, acredito, que será até às próximas gerações.

Mas, para desenvolver a autoconsciência emocional, nem sempre o caminho é o da introspecção. O problema da introspecção não é que ela seja ineficaz, é que a maioria das pessoas a faz de maneira errada.

Por exemplo, vejamos a pergunta introspectiva mais comum: “Por quê?”!

Normalmente, fazemos esse questionamento para entender nossas emoções (por que gosto mais do fulano A do que fulano B), nossos comportamentos, (porque gritei com a operadora de telemarketing daquele jeito?) ou as nossas atitudes (Por que não gosto desta marca?).

Entretanto, a pesquisa revela que “Por que” é uma questão de autoconsciência ineficaz, e enfatiza que: “não temos acesso a muitos dos pensamentos, sentimentos e motivos inconscientes que procuramos.

Por isso, “tendemos a inventar respostas que parecem verdadeiras, mas que muitas vezes estão erradas.”, ressalta a autora do estudo.

Ainda outra consequência negativa deste tipo de questionamento, especialmente quanto tentamos encontrar uma explicação para um resultado indesejado, é que abrimos espaço para pensamentos negativos e improdutivos.

A pesquisa mostra que pessoas muito introspectivas são mais propensas a cair em ruminação, que é um padrão de pensamento passivo e repetitivo.

Por exemplo, se alguém recebe uma crítica negativa, o questionamento “Por quê” (Por que recebi um feedback tão ruim?), poderá levar o sujeito a conclusões baseadas em seus medos e inseguranças, em vez de uma avaliação racional sobre os seus pontos fortes e fracos.

Se “Por que” não é a pergunta introspectiva certa, qual é então?

A pesquisa examinou centenas de páginas de transcrições das entrevistas feitas com pessoas de alto nível de autoconsciência, para entender como elas abordavam a introspecção e se abordavam de maneira diferente das pessoas com um grau menor de autoconsciência.

O que eles descobriram foi um padrão bem claro: embora a palavra “Por que” tenha aparecido menos de 150 vezes, a palavra “o quê” apareceu mais de 1.000 vezes.

Portanto, para aumentar a autopercepção produtiva e diminuir a ruminação, devemos perguntar “O quê”, ao invés de “Por que”

Pois, a pergunta “O quê” nos ajuda a permanecer objetivos, focados no futuro e orientados para agir de acordo os nossos novos insights.

Em um estudo, os psicólogos, J. Gregory Hixon e William Swann, deram a um grupo de estudantes universitários um feedback negativo sobre suas avaliações.

Depois, os psicólogos deram tempo para um grupo pensar “Por que eram o tipo de pessoas que eram?”, enquanto outro grupo foi convidado a pensar “Que tipo de pessoa eram?”.

Desse modo, quando Hixon e Swann questionaram o grupo da questão “Por que”, eles gastaram energia para racionalizar e negar o que tinham aprendido. Mas, o grupo cuja questão foi “O quê”, se mostraram mais abertos à nova informação (feedback negativo) e a como poderiam aprender com ela.

Então a pesquisa conclui que pessoas que se concentram em desenvolver a autoconsciência emocional e social, buscam feedback sincero e ao invés da pergunta de introspecção “Por que”, eles se questionam “O quê” para ver as coisas com mais clareza. 

E, não importa quantas conquistas, conhecimentos e experiências acumulam ao longo de suas jornadas, eles entendem que sempre há espaço para novos aprendizados.

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Fernando Ferreira

Formado como Life Coach e psicologia positiva aplicada pela SBCoaching e autodidata dedicado a entender o que faz o ser humano ser feliz, realizado e bem-sucedido na vida.

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