Sensação de prazer leva a comportamentos viciosos – Entenda

A sensação de prazer é boa e todo mundo gosta, não é mesmo? Porém, o que pouca gente sabe, é que o ato de sentir prazer não serve apenas para deixar sua vida mais empolgante.

Na verdade, é por causa dessa sensação que você enfrenta desafios para atingir um objetivo, e é por causa dela que você não resiste aquele delicioso pudim, mesmo após ter dito que ia começar uma dieta.

Não é pecado sentir prazer, pois ele faz parte do nosso sistema de recompensa, sendo o circuito que processa as informações ligadas ao prazer e a satisfação.

Até mesmo animais possuem esse complexo sistema de sobrevivência, que proporciona a sensação de prazer.

Isto mesmo, o sistema de recompensa que nos faz sentir prazer, é um mecanismo de sobrevivência muito antigo. Nos animais, esse sistema os motiva a buscar comida e sexo, elementos fundamentais para sobrevivência e permanência da espécie.

Sendo assim, é um mecanismo útil quando bem utilizado, porém, a busca pelo prazer imediato tem sobrecarregado esse sistema, gerando vícios e adoecimento mental.

Vamos descobrir porque isso está acontecendo e como evitar que o seu sistema de recompensa seja sobrecarregado pela busca incessante da sensação de prazer?

Acompanhe a leitura.

Pane no sistema alguém me desconfigurou

As facilidades do século XXI são uma benção, não é mesmo? Podemos fazer compras no mercado, garantir o filme da sexta-feira, falar com um amigo, ficar por dentro do que acontece no mundo e no bairro, sem levantar o popozão do sofá.

Temos mais praticidade, agilidade, comodidade e menor esforço físico para conseguir atender às nossas necessidades mais básicas. 

Pois bem, isso tudo é realmente maravilhoso, mas toda essa facilidade nos dá uma sensação de prazer imediata, e o sistema de recompensa que antes era usado para garantir a nossa sobrevivência, agora se transformou em uma fonte geradora de vícios.

Afinal, nem todos os prazeres da contemporaneidade são vitais para a nossa sobrevivência, alguns deles podem fazer muito mal, é só olhar para a cracolândia aqui no centro de São Paulo.

Mas, por que o sistema responsável pela sensação de prazer, pode abrir caminhos para que nos tornemos viciados ou viciadas? Para responder essa pergunta é preciso entender a dinâmica desse sistema, acompanhe.

Como funciona o sistema de recompensa responsável pela sensação de prazer?

Sentir prazer

Então, o sistema responsável por nos fazer sentir prazer funciona da seguinte forma:

  1. Quando temos uma experiência prazerosa, como comer um bolo de cenoura com uma cobertura demasiada de chocolate em barra derretido, o cérebro produz um neurotransmissor chamado dopamina, que ativa o sistema de recompensa.
  2. O local de onde a dopamina sai é de um lugar chamado área tegmental ventral, essa é uma região primitiva do cérebro. Isto é, ela está aí muito antes de nos tornarmos uma espécie racional, logo sua força biológica é enorme.
  3. Saindo da área tegmental ventral, a dopamina percorre outras áreas do cérebro até chegar ao córtex pré-frontal, uma área recém desenvolvida que nos permite ponderar e pensar a longo prazo. É o córtex pré-frontal que vai dizer que você está satisfeito e deve parar de comer o suculento bolo de cenoura.
  4. Assim, se ao comer o bolo você se sentiu feliz e satisfeito, o cérebro registra isso como algo prazeroso para você, portanto, é um comportamento que deve ser repetido.

E aqui começa o problema, porque o cérebro vai buscar essa sensação de prazer novamente, especificamente a área tegmental ventral, e rola uma treta entre essas duas áreas, tegmental ventral e córtex pré-frontal.

Porque essa área primitiva vai querer a todo custo repetir essa dose de prazer, e o córtex pré-frontal munido de toda sua racionalidade, vai avaliar se deve ou não comer mais um pedaço do bolo de cenoura.

Sabe aquele momento em que você sabe que se fizer algo, por mais prazeroso que seja, vai lhe trazer consequências negativas e você fica no dilema: faço ou não faço? Esse é o córtex pré-frontal em ação, ponderando se deve atender ao pedido da tegmental ventral.

Quer entender melhor essa treta? Então, confira a seguir a maneira como o córtex pré-frontal atua ao ser confrontado pela tegmental ventral pedindo mais da sensação de prazer.

Entenda a disputa do córtex pré-frontal e da tegmental ventral

Bem, agora que você já sabe como funciona o sistema de recompensa, que nos faz sentir prazer, agora vamos entender como o córtex pré-frontal age quando a área tegmental ventral quer repetir um comportamento prazeroso.

  1. Como o cérebro já sabe que comer bolo de chocolate é prazeroso, a área tegmental ventral solicita a repetição deste comportamento. Caso encontre resistência, ela vai usar toda sua força biológica para isso.
  2. Entretanto, quando a informação chega ao córtex pré-frontal, ele irá usar toda sua racionalidade para avaliar se deve mesmo comer o bolo.
  3. É aqui que a chapa esquenta, por que ocorre um conflito entre as informações enviadas pela razão (córtex pré-frontal) e pela emoção (tegmental ventral)
  4. Então, se você deixar a emoção vencer e repetir frequentemente o comportamento que gera a sensação de prazer, ele ganha cada vez mais força, ficando muito mais difícil resistir a ele.

É assim que nascem os vícios!

De repente alguém te fala “Ei, experimenta isso, não pega nada. É natural, não vai te fazer mal, confia!”. Aí você experimenta, tem uma descarga de dopamina e sobe até o paraíso, onde tudo é perfeito, os problemas somem e você se sente o alfa da cadeia alimentar.

O problema é que tais substâncias duram poucos minutos, talvez até segundos. O seu cérebro vai registrar isso como uma experiência prazerosa e vai querer repeti-la, e se você não impedir a repetição desse comportamento, ele vai ficar cada vez mais difícil de ser combatido, conforme vimos na explicação acima.

A questão é que devido ao sistema de recompensa, nós podemos viciar em qualquer coisa que nos faz sentir prazer, como comprar, sexo, comida, videogame, bebida e outras drogas.

Por isso, você precisa aprender a ouvir a sua razão e deixar de agir sob a emoção! Em outras palavras, você precisa fortalecer o córtex pré-frontal para inibir a conduta desenfreada da área tegmental ventral.

Veja como você pode fazer isso, acompanhe.

Como equilibrar a busca pela sensação de prazer

sensação de prazer

Como vimos, a busca pelo prazer imediato pode gerar vícios e comprometer a nossa saúde física e mental. Não posso dizer que é pecado sentir prazer, acredito que é mais correto dizer: “É contraprodutivo buscar prazer a todo custo”.

Afinal, isso gera problemas não só para o indivíduo que quer sentir prazer o tempo todo, ou a maioria do tempo. As pessoas que convivem com ele também são afetadas de várias maneiras.

Agora, como brecar um comportamento que dá uma sensação de prazer, mas atrapalha a vida do indivíduo? E não se engane, não estou me referindo apenas às pessoas com vício em drogas.

Se você precisa de um trabalho, quer uma promoção, precisa de novos conhecimentos, quer novos relacionamentos, mas não sai da frente da TV, da rede social, do videogame, etc., você também está tendo um comportamento viciado

Veja o que fazer

A princípio, mesmo que um comportamento seja tóxico, o cérebro não vai deixar de vê-lo como algo prazeroso, você já assistiu Quilos Mortais, que passa no Discovery? 

Eu assisti um episódio de uma mulher que pesava quase 400 kg, a compulsão alimentar dela estava matando-a pouco a pouco, e ela continuava comendo. Por quê? Porque era prazeroso e aliviava suas aflições, foi assim que ela respondeu ao Doutor.

Portanto, já que o cérebro não vai deixar de associar um comportamento nocivo à sensação de prazer, é preciso ampliar o nosso repertório de comportamento saudáveis, para que o cérebro também o veja como algo bom e possa querer repeti-lo.

Por exemplo, se você quer aumentar o seu conhecimento, pode começar a ler livros, por mais que no começo seja difícil e entediante. Assim, se você fizer isso com frequência e começar a se sentir bem com isso, essa ação vai começar a ativar o sistema de recompensa, criando um ciclo só para este comportamento.

Isso serve para qualquer comportamento, se você come só doces e outras besteiras, pode começar a incluir em seu cardápio frutas, nozes, verduras, legumes e sucos, para que o seu cérebro veja que isso também é bom e possa registrar essa sensação de prazer e passe a querer repeti-la.

Certamente, não quero ser simplista e dizer que qualquer vício pode ser mudado com alteração dos hábitos e inclusão de comportamentos mais saudáveis, muitos casos precisam de acompanhamento clínico para conseguir avanços mais concretos.

Mas, para mudanças comportamentais mais leves, como parar de navegar na rede social e começar a ler, é algo que com esforço e consistência dá para ser feito tranquilamente sem ajuda de um profissional, basta ter disciplina.

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Fernando Ferreira

Formado como Life Coach e psicologia positiva aplicada pela SBCoaching e autodidata dedicado a entender o que faz o ser humano ser feliz, realizado e bem-sucedido na vida.

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