Piloto automático: porque este estado pode prejudicar a saúde mental?

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A princípio o piloto automático é um estado mental em que a pessoa age sem uma intenção consciente ou sem percepção sensorial do momento. Por exemplo, pense por um momento nas coisas que você costuma fazer diariamente, agora responda, você está presente enquanto executa estas atividades? Isto é, você está focado e conectado ao que está acontecendo no atual momento ou está “perambulando” entre lembranças do passado e do futuro?

O piloto automático é uma espécie de economia de energia do cérebro, pois neste modo de operação ele não precisa parar para pensar sobre quais comportamentos são mais adequados para cada situação do dia a dia, de acordo com as experiências da pessoa o cérebro busca atalhos para responder às situações, por isso é comum desenvolvermos comportamentos, executarmos atividades, ouvir, falar, estudar entre outras coisas de forma automática, evitando o caminho “penoso” do pensamento.

No entanto ao mesmo tempo que esse estado proporciona benefícios em termos de desgaste de energia mental, ele também pode se tornar um vilão, porque um comportamento automático pode gerar constrangimento, uma escuta automática pode mitigar a empatia, o estudo de forma autônoma pode prejudicar o aprendizado e assim por diante.

Sendo assim vamos descobrir como lidar com o piloto automático aprendendo a desenvolver outro modo de operação cerebral bastante benéfico para saúde mental, estilo de vida e os relacionamentos profissionais e interpessoais, acompanhe!

Características e consequências do piloto automático

De acordo com o médico psiquiatra Dr. Marco Antonio Abud, a nossa mente funciona sob dois modos de operação, sendo o próprio piloto automático, também conhecido como modo padrão, e o modo presente. Segundo o psiquiatra, estes dois modos de operação da mente não podem funcionar simultaneamente, pois quando um está “ativo” o outro é “desativado” automaticamente.

Geralmente o modo padrão é “ativado” quando nossa mente está apressada, atribulada ou acostumada as situações, possuindo duas características básicas:

1. Dificilmente a pessoa faz uma coisa com total atenção, normalmente o foco dela fica disperso sob várias atividades e/ou pensamentos.
2. Ao fazer diversas coisas ao mesmo tempo sem focar em nenhuma acaba sobrecarregando a mente, devido ao excesso de estímulos, resultando em um aumento do estresse cerebral.

Portanto o piloto automático em algum grau pode trazer consequências negativas para a qualidade de vida e a performance das pessoas, veja a lista abaixo.

1. Aumenta os erros por desatenção: devido ao estresse cerebral pela quantidade de tarefas simultâneas, há uma diminuição da energia mental, porque ela está sendo empenhada em múltiplas tarefas, o que aumenta o esforço de foco entre elas. Como resultado, a pessoa começa cometer pequenos erros por falta de atenção! E perceba, como mencionei no inicio, o piloto automático tem como objetivo poupar energia, mas quando a pessoa permanece constantemente neste estado este modo de operação deixa de cumprir o seu objetivo.
2. Diminui o prazer nas atividades: por causa do automatismo há um menor aproveitamento das atividades, mesmo as atividades prazerosas acabam por não ser tão estimulantes para o cérebro, porque não há atenção plena ao que se está fazendo é, simplesmente, mais uma atividade a ser executada.
3. Torna-se mais reativo às situações: o piloto automático faz com que a pessoa pense menos nas coisas antes de executá-las. Desse modo, a permanência nesse estado faz com que ela reaja às situações sem ponderar qual comportamento seria mais apropriado, é o famoso “bateu levou”, as ações são movidas por impulso!
4. Aumenta o sentimento de solidão e isolamento: nesse modo de operação da mente as coisas acontecem sem que as mesmas passem pelo nosso filtro da razão, segundo o Dr. Abud: “impede que a gente se conecte com as pessoas”. Como resultado, nós não prestamos atenção quando as pessoas conversam com a gente, impedindo que indivíduos criem empatia uns pelos outros e, consequentemente, impede a formação de laços afetivos.

Como funciona o modo de operação presente?

As características do modo de operação presente é o oposto ao do piloto automático, operando neste estado a mente está:

• Conectada as experiências e sensações;
• Curiosa, sem julgamentos e tolerante;
• Relaxada e alerta;

Então quando a mente opera no modo presente a pessoa tende a sentir mais as experiências que vive, presta plena atenção aos detalhes de cada momento, seja em relação aos sons, sabores, cheiros ou sensações que experimenta, estando mais propensa a conhecer e entender mais as coisas sem julgamentos prévios, se abrindo para o desconhecido.

Além disso, fica mais tranquila e atenta ao oque acontece ao redor e nas atividades que executa, também é no modo presente que o estado de Flow acontece. Sendo assim, quem deseja aumentar a produtividade deve aprender a transitar entre um modo de operação e outro para conseguir melhores resultados!

Lembrando que estar neste estado o tempo todo é impossível para um ser humano normal, a mente precisa ter momentos de operação no piloto automático para relaxar e descansar e ativar o momento presente para colocar a mão na massa e fazer acontecer. Veja a seguir como treinar a sua mente para reconhecer tais estados e como transitar entre eles, confira.

Como treinar a mente para alternar entre o piloto automático e a atenção plena?

Primeiramente você pode treinar sua mente para reconhecer e alternar entre os dois modos de operação, mas lembre-se que não é possível obter controle total sobre isso, por que se analisarmos bem, a tendência natural da mente é operar no piloto automático com o intuito de poupar energia. No entanto devemos ficar atentos para não operar neste estado o tempo todo, caso contrário o modo padrão pode minar o bem estar.

Contudo, para conseguirmos alternar entre um estado e outro é necessário aprender a reconhecer quando a mente está operando no modo padrão e no modo presente para direcionar a transição de um estado para o outro, é claro que isso não é fácil para quem não tem o hábito, por isso é importante praticar diariamente para fortalecer o modo de operação presente para tornar essa transição mais fácil.

Portanto o treinamento de alternância e fortalecimento do modo presente pode ser feito por meio de terapia ou através do Midfulness, essa palavra em português significa atenção plena, é uma prática meditativa que tem como objetivo fortalecer a atenção por meio da respiração.

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O praticante deve reservar um tempo (recomendo 05 minutos e vai aumentando gradualmente), sentar em algum lugar silencioso e de olhos fechados vai inspirar e expirar, repetidamente, acompanhando o fluxo de sua respiração, durante todo o tempo de prática ele deve continuar focado no ir e vir da sua respiração, ao ser “carregado” por um pensamento, sentimento ou som, ele deve voltar imediatamente a prestar atenção a respiração.

A prática de Mindfulness diária não irá trabalhar apenas a atenção plena, como também o equilíbrio emocional, autoconhecimento, autoestima e diversos outros aprimoramentos pessoais que farão muita diferença nos relacionamentos, carreira, desenvolvimento pessoal, saúde mental e qualidade de vida.

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